Resenha: A Morte da Sra. Westaway - Ruth Ware
Boa noite, prateleiros!
O início da manhã foi tão chuvoso e friozinho que, não vou negar, estava me dando uma leve preguiça de sentar a bunda na cadeira e escrever esta resenha para vocês. Mas esse climinha meio hoa hoa hoa hoa que está fazendo aqui no Rio combina perfeitamente com a indicação que vou trazer hoje.
O primeiro livro da Ruth Ware que eu li foi A Mulher na Cabine 10, em inglês, e amei tanto a escrita dela e a forma como construía a tensão do mistério, tecia a teia para nos dar o bote e prender com a sua seda que enchi o saco de todas as editoras possíveis para trazê-la para cá. Foi por minha causa que a Rocco assinou um contrato? Claro que não, mas o importante é que hoje em dia tem um bando de livro dessa querida. Eu tentei ler O Jogo da Mentira assim que foi lançado, mas algo na tradução me incomodou e eu não consegui passar das 30 páginas. Depois disso, me afastei um pouco da tia Ruth, mas algo me puxou para o livro da resenha de hoje, A Morte da Sra. Westaway... E graças a Deus por isso, porque tive a oportunidade de conhecer mais uma história incrível, do jeitinho que fez me apaixonar pelos mistérios dela.
Querem saber mais? Então chega de papo e vamos para a resenha!
Título: A Morte da Sra. Westaway
Autora: Ruth Ware
Tradutora: Alyda Sauer
Sinopse: As cartas não dizem nada que você não saiba.
Não podem revelar nenhum segredo nem ditar o futuro.Elas só podem mostrar o que você já sabe.
Hal Westaway lê cartas de tarô no cais de Brighton e, desde a morte da mãe, luta diariamente para pagar suas contas e sobreviver. A notícia inesperada de uma herança pode mudar sua vida para sempre e, mesmo sabendo que tudo pode ser um enorme engano, ela decide acreditar... e jogar.
Quando Hal Westaway recebe uma carta inesperada anunciando que ela herdou uma soma substancial de sua avó da Cornualha, aquilo lhe parece uma resposta às suas preces. Ela deve dinheiro a um agiota e as ameaças do sujeito estão cada vez mais agressivas: ela precisa botar a mão em dinheiro vivo o mais breve possível.
Existe apenas um problema: as avós de Hal morreram há mais de vinte anos. A carta foi enviada à pessoa errada. Hal sabe, no entanto, que as técnicas que usa para "ler" as pessoas através do tarô podem ajudá-la a conseguir esse dinheiro. Se alguém tem habilidade para comparecer ao funeral de um estranho e reivindicar um espólio que não lhe pertence, é ela.
Ao chegar à cerimônia, porém, Hal percebe que há algo muito, muito errado a respeito de toda aquela situação, e a herança está no centro de tudo. Mas Hal Westaway fez sua escolha, e não pode voltar atrás. Ela precisa continuar ou arriscar perder tudo. Até mesmo a própria vida.
Uma velha casa, uma governanta assustadora, conflitos familiares e dilemas morais. Ingredientes clássicos que se tornam surpreendentes na voz de um dos grandes nomes contemporâneos do suspense, Ruth Ware.
Nº de páginas: 320
Editora: Rocco
Eu tenho para mim que a narrativa da Ruth Ware, por mais envolvente que seja, às vezes pode acabar passando como um pouco arrastada para quem espera ações, revelações e reviravoltas bombásticas a todo momento. Mas o que eu acho incrível na forma que ela constrói essas histórias é que cada detalhe do que é contado, seja uma reação a algo que foi dito, a descrição de uma cena ou um diálogo, por mais simples que possam parecer, tudo é importante para a sequência de socos que está por vir das últimas páginas até o final. E em A Morte da Sra. Westaway, isso não foi diferente.
O livro começa com um "prólogo" bem curtinho, com alguém, que ainda não sabemos quem é, divagando sobre o poema das pegas-rabudas, elementos recorrentes e importantes para a história como um todo. "Um para tristeza, dois para alegria, três para menina, quatro para menino, cinco para prata, seis para ouro, sete para um segredo que jamais será revelado". Se eu entendi alguma coisa disso no primeiro momento que li? Não, mas tinha essas duas últimas estrofes sobre um segredo que jamais seria revelado, então eu me agarrei a isso e comecei a ler. E agora, voltando ao início e sabendo todo o desenrolar da história, não é que tudo nessas primeiras páginas se encaixa perfeitamente?
Nos primeiros capítulos, somos apresentados a um pouco da vida - e das dificuldades - que a nossa protagonista está passando. Hal Westaway é uma jovem que perdeu a mãe há pouco tempo e, desde então, assumiu seu lugar lendo cartas de tarot no píer de Brighton... Mas os negócios não vão bem. Sua única refeição do dia é peixe com fritas, ela não tem mais dinheiro para pagar o aquecedor, o aluguel já está atrasado e ela só não foi despejada porque o dono do imóvel era muito próximo de sua falecida mãe, ela não tem como pagar pela barraquinha de onde tira o pouco do seu sustento e, para piorar, o agiota a quem está devendo dinheiro mandou um mensageiro de 2m de altura e provavelmente uma longa ficha criminal avisar que, ou ela paga o que precisa, ou morre devendo.
É por isso que quando recebe uma carta dizendo que sua avó faleceu e tem uma herança a esperando na Cornualha, Hal faz pouco caso do fato de que suas duas avós já estão mortas. Mesmo com medo das consequências de sua mentira, ela compra uma passagem de trem para Penzance, para participar do funeral de sua amada vovó na mansão dos Westaway, pegar sua parte da grana e ir embora. Hal não espera por muito, só uns trocados que a família riquinha nem vai se importar de perder. Mas conforme conhece seus "tios", algo não parece certo. Pra bem e pra mal. Recebendo cuidados e atenção, ela começa a sentir que é muito errado estar enganando aquelas pessoas que estavam sendo tão boas para ela... Até começar a descobrir os segredos que as pegas e a mansão escondem. E temer pela própria vida.
Eu amei demais esse livro. Se tivesse tempo, teria lido em uma sentada de tão envolvente que é. A trama é muito bem desenhada, com aspectos do passado e do presente se conectando de tal forma que, quando ligamos os pontos, fica aquela sensação de "aaaah, menina, né que faz sentido?". Eu duvidei de tudo e de todos, até de quem não tinha tanta razão para estar duvidando porque, em determinado ponto, era alguém meio suspeito também?? E tudo isso porque a forma como a tia Ruth escreve embaralha a nossa cabeça tanto quanto a da protagonista. Fiquei encantada com as personagens, com as características singulares de cada um e como, conforme a história se desenrola, eu fui mudando um pouco a minha visão sobre quase todos. E no final de tudo, né que ainda aprendi um bando de coisa sobre tarot?
Um mistério recheado de mentiras, arrependimentos e dos perigos de ser engolido pela própria escuridão.
E aí, deu vontade de ler?
Até a próxima resenha, prateleiros!
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