Resenha: Assassinato no Monte Fuji - Shizuko Natsuki

Ora, ora, se não nos encontramos de novo?
Tudo bom, meus prateleiros? Há quanto tempo!

Vocês sabem que a cada Lua de Sangue eu apareço aqui para fazer uma resenha, mas.... agora vai ser pra valer. Quero dar uma repaginada no blog e, além disso, agora vamos ter uma página lá no Tiktok pra fazer umas gracinhas (mas as boas e velhas resenhas completas vão continuar por aqui, é claro), então já sigam a página por lá pra sempre saberem quando vão vir posts quentinhos pra vocês!

Mas chega de enrolação e vamos pra resenha!

Título: Assassinato no Monte Fuji
Autora: Shizuko Natsuki
Tradutor: Sonia Goldfeder
Sinopse: Para Jane Prescott, passar as festas de Ano Novo como convidada da família Wada não parecia muito apropriado. Afinal, no Japão, as festas de Ano Novo são tradicionalmente um momento de intimidade da família. Ela sabia que os Wada - rica família de industriais - prezavam a tradição e dificilmente tolerariam a presença de uma estrangeira em suas comemorações.
Mas Chiyo tinha insistido tanto que ela não tivera como recusar o convite para uma estada na casa de campo dos Wada. Ainda mais porque assumira o compromisso de ajudar a amiga a finalizar a tese de mestrado em literatura americana. Ao chegar, Jane logo se acalmou. A família fora muito receptiva e todos pareciam gostar muito de Chiyo...
O clima de festa e tranquilidade, entretanto, mudou radicalmente já na primeira noite, quando a doce Chiyo surgiu transtornada no salão principal, com as roupas empapadas de sangue.
Esta é a base do enigma proposto neste best-seller de Shizuko Natsuki, a mais famosa escritora de romances policiais do Japão.
Editora: Brasiliense
Nº de páginas: 217

Algum fã de Agatha Christie por aí? Porque este livro é pra vocês!

Sabe aquela atmosfera de desconfiança que a Rainha do Crime consegue criar em todos os seus livros? Onde todos são suspeitos até que cada peça vá se encaixando e, quando você acha que resolveu o mistério, uma reviravolta surge; e aí você acha que ok, finalmente agora está resolvido, daí toma-lhe mais reviravolta pra você ficar "Caramba, menina..."?

Pois bem, Assassinato no Monte Fuji tem a dose perfeita disso. Ainda que um pouco menos genial do que Christie, Shizuko Natsuki consegue criar uma trama elaborada, com personagens instigantes e uma narrativa muito fluida e envolvente. Em um primeiro momento - aliás, até boa parte do início da história, para ser bem sincera - eu estava achando que o livro seria mais sobre como os policiais iam se desdobrar para resolver o caso e acabar saindo de mãos abanando, enganados pelo elaborado plano da família Wada para acobertar a delicada Chiyo pelo assassinato do chefe da família e seu avô, Yohei. 

Mas, obviamente, eu estava redondamente enganada.

quem diria, nerrrr?

Achei muito interessante como a autora constrói e estrutura a narrativa, fazendo parecer que o livro na verdade é dividido em atos de uma peça, algo que inclusive é comentado durante a trama. Não posso contar muito porque explicar demais com certeza estragaria a experiência - afinal, essa é a maravilha dos romances de suspense -, mas digamos que o primeiro ato está longe de ser o primeiro, mas é o mais importante para começarmos a pensar e desvendar o caso junto dos detetives da polícia dos Cinco Lagos, desatando nós que nem sabíamos que existiam no início pois o caso parecia bem claro: a única culpada pelo crime é Chiyo... mas será mesmo?

Tudo começa quando Jane Prescott é convidada para passar o Ano Novo na casa dos Wada, ajudando Chiyo a terminar sua importante tese de mestrado, que deveria ser defendida dali a poucos dias.... E como todo estudante, até parece que a Chiyo teria paz, não é mesmo?

No meio de um momento descontraído da família, quando todos estão se reunindo na sala para desfrutar de um chá, Kazue vai buscar a filha no andar de cima, pois a mesma tinha sido convocada pelo avô para discutirem assuntos importantes. Porém, quando a mãe a encontra, uma cena nada agradável lhe aguarda. Chiyo não só está com a roupa embebida de sangue e os pulsos cortados como também acabara de matar o avô com uma facada bem no coração. A menina conta que o avô tinha ido para cima dela, carregado pela impulso selvagemente erótico dos homens da família Wada (abusadores cof cof), e ela, assustada, acabara por acertá-lo no lado esquerdo do peito, causando sua morte. Preocupados com a segurança da tão querida caçula da família, e querendo manter a reputação do chefe dos Wada intacta, a família decide que vai acobertar o caso e arquitetar um cenário onde o patriarca tivesse sido morto por um ladrão. Mas o plano que parecia perfeito não previa um único problema, e um que viria justamente de dentro da própria família.

A ambientação que Natsuki cria é aconchegante e ao mesmo tempo quase claustrofóbica, visto que a maior parte da história se passa na mansão de verão dos Wada, com sua bela vista para o imponente Monte Fuji. É onde tudo se desenrola, é onde o crime ocorre, é onde eles discutem como acobertá-lo e é onde as coisas começam a desandar e ficar bem feias para Jane Prescott, amiga e professora de inglês de Chiyo, e os integrantes da família Wada.

Cada uma das personagens é muito bem construída, com seus defeitos, acertos e segredos, que pouco a pouco vão sendo revelados tanto para nós, leitores, quando para os detetives, destruindo assim a reputação tão intocável e estimada dos Wada. De todos, as personagens femininas com certeza são minhas favoritas, junto do detetive Nakazato, que é um querido extremamente inteligente. A história também conta com ótimos - ainda que raros - momentos de descontração por parte da equipe de investigação.

No geral, considero que Assassinato no Monte Fuji é um livro cativante, rápido e que cumpre seu propósito como mistério policial: entreter com surpresas e reviravoltas até as últimas páginas. É uma pena que não existam mais livros de Shizuko Natsuki publicados aqui no Brasil, mas fica a dica!


Bom, por hoje é só.
Consumam literatura japonesa! Garanto que não vão se arrepender!

Até a próxima resenha, prateleiros!

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