Resenha: A intérprete - Anette Hess

Faaaala, meu povo! Turubom?

Hoje trago para vocês a resenha de um livro que só pelo nome atraiu toda a minha atenção. Não sei se vocês sabem, mas sou tradutora e quero também trabalhar com interpretação, então, como a mulher simples que sou, se eu vejo qualquer coisa relacionada a isso, é claro que vou comprar.

E "A Intérprete" não me decepcionou. Bora pra resenha?

Título: A Intérprete
Autora: Anette Hess
Tradutor: Ivo Korytowski
Sinopse: Para Eva Bruhns, a Segunda Guerra Mundial é apenas uma memória nebulosa da infância. Ao fim dos conflitos, Frankfurt estava arruinada, vítima dos bombardeios dos Aliados.
    Agora, em 1963, a cidade está totalmente reconstruída e Eva espera, ansiosa, pelo pedido de casamento do namorado rico, sonhando com uma vida longe dos pais e da irmã.
    Porém, seus planos são alterados quando o impetuoso advogado David Miller a convoca para atuar como intérprete nos julgamentos do campo de concentração de Auschwitz.
    À medida que se envolve com as testemunhas polonesas, Eva começa a questionar seu futuro e o silêncio da família sobre a guerra. Por que os pais se recusam a falar sobre o que aconteceu? Ela ama mesmo o namorado e será feliz como uma dona de casa
    Determinada a fazer justiça, Eva se une a um time de promotores empenhado em condenar os nazistas – uma decisão que mudará o presente e o passado de seu país.
Nº de páginas: 272
Editora Arqueiro
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A história se passa em 1963. Eva Bruhns, uma jovem intérprete e filha de um cozinheiro e dono de um restaurante na rua boêmia de Bargen, é convocada para trabalhar como intérprete de polonês nos julgamentos de 14 ex-membros da SS que estavam sendo acusados por crimes hediondos durante a época do Holocausto. Embora os julgamentos de Auschiwitz sejam o plano de fundo, eles  desempenham um papel importe na trama da obra. Tem um livro chamado "Cinzas na Neve", da autora Ruta Sepetys, que mostra bem como foi aquela época para os poloneses. É um livro pesado, que mostra a realidade nua e crua e o que era preciso fazer para tentar ter uma chance de sobreviver sob as condições precárias daqueles campos de concentração. Ler sobre aquilo já foi horrível, mas pior ainda foi ter que me deparar com o outro lado da moeda, vendo como os nazistas achavam que estavam certos em realizar todo aquele massacre e ainda terem a cara de pau de dizerem que nada havia sido feito. Uma parada surreal, que dá nojo só de pensar.

Ao mesmo tempo em que ocorre o julgamento, Eva tem que lidar com seu relacionamento com Jürgen, um filho de empresário rico que conheceu Eva através do trabalho dela como intérprete. Jürgen tinha o sonho de se tornar padre, mas, quando o pai adoeceu, ele foi obrigado a largar a batina e administrar os negócios da empresa de catálogos de produtos. Além disso, a atração que sentia por Eva tornava impossível seguir os caminhos do clero... Ou pelo menos é isso que ele alega.

Jürgen é um jovem conservador, que acredita que o lugar da mulher é em casa, cuidando do lar. Quando Eva diz que está pensando em aceitar o emprego como intérprete nos julgamentos, ele explode e basicamente diz que ou ela fica com ele, ou aceita o trabalho. Assim, eu sei que era outra época, mas só de ler coisas do tipo "você precisa parar de trabalhar senão nosso casamento não vai dar certo" ou "para eu confiar nela, ela tinha que fazer o que eu mandava" me dá nos nervos!! Que época horrível para se viver, senhoras e senhores! 

Mas nossa protagonista, embora no início parecesse compassiva aos desejos de seu amado, se mostra uma mulher independente e determinada. Ela tem seus princípios e sabe o que quer e o que precisa fazer para ter sua consciência e seu coração tranquilos, então aceita a proposta.

Conforme o julgamento vai avançando, também vamos tendo uma ideia maior de quem são os demais personagens. Desde o início era meio claro que os pais de Eva escondiam algo e eu tinha uma ideia do que era, então o mais interessante mesmo foi ver a nossa protagonista descobrindo o que estava por trás. No caso da irmã dela, Annegret, eu fiquei mais chocada da primeira vez em que o "mau hábito" dela, como a própria chama, foi revelado. Todos os personagens parecem esconder alguma coisa em seu passado e, além de querermos saber o que será dito pelas testemunhas, o coração bate mais rápido e a vontade de ler aumenta quando pedaços da história dos coadjuvantes começam a ser revelados e a verdade vai vindo à tona.

Só por isso o livro já vale a pena, mas, para mim, a parte do ato de traduzir e o que está por trás dele também aquecem meu coraçãozinho. É muito bom ver um livro que mostre a profissão como é, especialmente naquela época, em que não havia internet. Eva vai para os julgamentos com pesados dicionários, precisa estudar muito para se preparar para o vocabulário que terá pela frente e, mais importante, sacrifica o próprio bem-estar para poder construir essa ponte e fazer as vozes desses poloneses serem ouvidas pelos alemães. Mesmo quando confrontada com um problema pessoal, Eva diz que vai voltar ao tribunal improvisado para continuar seu trabalho, pois a testemunha, apesar de saber, não gostava de falar alemão. São esses detalhes, sabe? Ain, eu amo muito.

O final é bem pesado, mas muito bom também. Não vou falar aqui porque pode acabar estragando para alguns, mas é de deixar o coração apertado. E o que é dito é bem verdade mesmo. Pensando na Eva do começo e na Eva ao final do livro, dá para ver o quanto ela mudou.

Recomendação máxima. Cinco estrelas!


Bem, por hoje é só.
Até a próxima prateleiros!

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